sábado, 16 de janeiro de 2016

Jacula - In Cauda Semper Stat Venenum (1969)



 Jacula é uma banda italiana formada em 1969 como um experimento de Antonio Bartoccetti, Doris Norton (também conhecido como Fiamma Dello Spirito), o organista Charles Tiring e o médium Franz Porthenzy. A banda foi considerada inovadora até mesmo na cena progressiva, com um som bastante peculiar, se distinguindo bastante de bandas como Yes, King Crimson e Jethro Tull. E é só ouvir os primeiros segundo de “Ritus”, a primeira faixa do álbum, que já podemos entender o porquê da peculiaridade.
 O álbum inteiro é dominado pelos sons incessantes do órgão e de vez quando aparecendo uma guitarra cortante e uma bateria que a acompanha. O que certamente faria com que o álbum caísse muito bem numa trilha sonora de qualquer que seja o filme de terror. Na faixa “Ritus” essas características prevalecem, além de um looping insistente de sintetizador. A próxima faixa é “Magister Dixit”, que abre com uma voz sepulcral recitando o nome da canção por três vezes. Após isso temos dois minutos de puro órgão. Em seguida entra a voz que abriu a música e narra algo em latim, depois disso volta-se para o som do órgão e dos efeitos sonoros de uma nevasca. Depois a narração em latim volta mais uma vez e depois que se acaba podemos ouvir a bateria. Após várias batidas no bumbo (acompanhados do órgão), temos um furioso solo de guitarra, certamente um dos pontos mais altos do álbum. Após o solo volta o bumbo e segue assim até o fim da faixa.
“Triumphatus Sad” começa com uma furiosa guitarra e um som de bateria bastante abafado e pesado. Nesta faixa o órgão só aparece aos 40 segundos, junto a várias batidas nos pratos da bateria. Há uma voz que diz “Triumphatus Sad” em vários momentos da música. Nesta faixa o que prevalece é a guitarra, o que a torna outro ponto alto do álbum, embora a mesma pareça ser sem rumo, “perdida”.
 “Veneficium” é a faixa mais curta do álbum, embora seja bastante interessante. Ela abre com vários efeitos sonoros e o mesmo som de nevasca que há em “Magister Dixit”. Alguns segundos após é a vez da guitarra entrar acompanhada da bateria, fazendo um som bastante pesado, acompanhado do som do que parece ser um piano, ou outro instrumento modulando um.
 Em seguida vem a música que dá título ao álbum, e, pessoalmente, a acho a mais macabra do álbum. Ela começa com um som mórbido e bastante grave, que dá entrada para uma breve narração do latim que apareceu durante todo o álbum. Após isso, entra o órgão e outros efeitos sonoros. Aos 2:29 há uma leve quebra do ritmo e a narração volta, mas isso só dura por alguns segundos, pois segundos após, volta-se ao órgão acompanhado do bumbo da bateria ao fundo. Como sempre, aqui ele também aparece abafado e pesado. Aos 5:00 a guitarra aparece e a acompanhando, temos o órgão de sempre, só que desta vez ele é tocado mais animadamente e de modo menos macabro, embora a guitarra e a bateria assumam o papel de manter o clima tenebroso da música. Perto dos 7:00 volta-se a narração em latim. Aos 9:00 a guitarra aparece junto a bateria para acompanhar a narração rumo ao fim da canção e do álbum
“Initiatio” começa com o famoso som de nevasca e uma voz que aparenta ser feminina que canta o nome da música na introdução e durante todo resto da música a mesma voz canta vários “Oohs” enquanto uma bateria bastante abafada e pesada insiste em acompanha-la. E é só isso o que há na música, até o seu final, aos 6:48 de duração que termina ao som da nevasca que apareceu na introdução.
 Certamente ouvir esse álbum sempre será uma experiência bastante interessante, às vezes podendo ser assustadora e em outras vezes até mesmo divertida. Mas o que se pode afirmar com bastante certeza é que esse álbum nos faz lembrar o clima “doom” posteriormente adotado por bandas como Black Sabbath, e mais tarde ao clima “gothic”, adotado pelo Type O Negative. Uma coincidência é que as duas faixas mais longas do álbum, “Magister Dixit” e “In Cauda Semper Stat Venenum” são também as mais macabras. Um álbum de difícil rotulação, que é para ser ouvido nos fones de ouvidos, num ambiente sem influências externas. Quanto a luz apagada, a escolha é sua.

Resenha por: Jean Carlos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário